domingo, 26 de julho de 2009

BAÚ DE TEXTOS - UMA LENDA ESPECIAL

A lenda do amor eterno

Diz a lenda, porém, que muito, muito antes, vivia em um vilarejo da ilha de Hainan uma donzela tão pura e tão linda que todos os que por ali passavam ficavam encantados com sua beleza e bondade . Sua mãe chamou - a Pessegueiro - em - flor, pois desde criança tinha a pele da cor e textura dessa fruta . O pai , um rico mercador, envolvido em grandes negócios com a Pérsia, prestava pouca atenção à criança . Quando, porém , Pessegueiro - em - flor desabrochou como uma linda mulher , ele começou a pensar em como poderia usá - la para aumentar os seus lucros . Como poderia todas as mulheres de sua idade e de seu tempo, Pessegueiro - em - flor empregava os dias ajudando a mãe com as tarefas domésticas e cuidando do jardim . Certo dia , na primavera de seus dezesseis anos , um jovem poeta apareceu na aldeia . Ele a viu no pomar da casa e , antes que ela pudesse fugir , o poeta se pôs a tocar um alaúde . A canção dizia que a pele dela era delicada como o papel de arroz e os cabelos perfumados como o jasmim . No dia seguinte , o poeta voltou, e voltou tantas vezes quantos os dias que se sucederam . Era um jovem garboso . Tinha o porte esguio e forte de uma árvore jovem e os olhos eram negros como o céu da meia - noite . A cada dia , o poeta e Pessegueiro - em - flor se tornavam mais e mais apaixonados um pelo outro . Então , em certa ocasião, um rico mercador da Pérsia foi até o vilarejo comprar seda do pai da moça . " Traga chá" , o pai ordenou - lhe , sem tirar os olhos da expressão estampada no rosto gorducho do visitante . Pessegueiro - em - flor serviu - lhes o chá e , assim que deixou o recinto, o mercador disse para o pai : " Eu quero tua filha". O pai perguntou - lhe : " O que você me dará em troca ?" . " Dou - lhe mil moedas de ouro ", replicou o comerciante . " Está feito" , concordou o pai . No dia seguinte , ele contou a Pessegueiro - em - flor que a havia vendido para o mercador persa . Este possuía outros negócios na China , prosseguiu ele , e retornaria em duas semanas para buscá - la . A pobre moça prostrou - se diante do pai . Em prantos, falou - lhe de seu amor pelo poeta e rogou - lhe que a deixasse desposá - lo . Mas o pai não fez caso de suas súplicas . Nesta noite , Pessegueiro - em - flor comunicou a seu amado que eles deveriam fugir . Ele , então lhe disse : " Venha comigo . Desafiaremos teu pai e nos casaremos " . O amor falou mais alto que o medo , e eles escaparam , perdendo - se nas sombras da noite. O pai da moça , porém , encontrou os fugitivos uma semana mais tarde e os trouxe de volta à aldeia , a filha havia sido deflorada e o responsável deveria ser punido . No auge do ódio , o pai procurou um bruxo . Pagou - lhe cem moedas de prata para que lançasse um feitiço sobre o poeta . E assim ocorreu . Foi um feitiço tão terrível que transformou o jovem e formoso poeta em um dragão hediondo, com horríveis escamas verdes e narinas que lançavam chamas de fogo . Pessegueiro - em - flor , quando o viu assim transformado, teve um sobressalto de horror . Mas , ao invés de afastar - se , quase cega pelas lágrimas , ela aproximou - se e passou - lhe suavemente os dedos pelas escamas repugnantes . Esse toque fez com que o feitiço se quebrasse e o dragão se transformasse em uma estátua de ouro puro . Mas isso foi tudo que o amor conseguiu fazer e o jovem poeta ficou encerrado , para eternidade , dentro do dragão de ouro . Assim , o pai se considerou vencedor . Conseguiu convencer , novamente , o mercador persa a comprar - lhe a filha , apesar de ela não ser mais virgem . Na noite anterior ao casamento , Pessegueiro - em - flor escapou de casa . Em uma mão , carregava um frasco de veneno mortal ; na outra , o dragão de ouro . Enveredou pela floresta, em direção ao rio. Em uma clareira , sobre um tapete verde de musgo e banhada pela luz do luar , ela bebeu a poção . Com um último suspiro , ela tomou o dragão nos braços e sussurrou - lhe uma promessa de amor eterno . Quando seu corpo tombou , inerte, do olho do dragão rolou uma única e solitária lágrima .

(Trecho do Romance de Barbara Faith - A lenda do amor eterno)

Nenhum comentário:

Uma frase

O verdadeiro mestre ama o que faz. Por Elisabete Souto Barbosa

VÍDEOS INTERESSANTES

Cantinho dos autores - Breve histórico

Maurício de Sousa, O pai da Turma da Mônica

Maurício de Sousa nasceu no Brasil, numa pequena cidade do estado de São Paulo, chamada Santa Isabel. Foi em outubro de 1935.
Seu pai era o poeta e barbeiro Antônio Maurício de Sousa. A mãe, Petronilha Araújo de Sousa, poetisa. Além de Mauricio, o casal teve mais três filhos: Mariza (já falecida), Maura e Márcio.
Em 1959, Maurício criou uma série de tiras em quadrinhos com um cãozinho e seu dono Bidu e Franjinha e ofereceu o material para os redatores da Folha. As historietas foram aceitas, o jornalismo perdeu um repórter policial e ganhou um desenhista.
Nos anos seguintes, ele criaria outras tiras de jornal Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho e páginas tipo tablóide para publicação semanal - Horácio, Raposão, Astronauta - que invadiram dezenas de publicações durante 10 anos.
Daí chegou o tempo das revistas de banca. Foi em 1970, quando Mônica foi lançada já com tiragem de 200 mil exemplares. Foi seguida, dois anos depois, pela revista Cebolinha e nos anos seguintes pelas publicações do Chico Bento, Cascão, Magali, Pelezinho e outras.
Seus trabalhos começaram a ser conhecidos no exterior e em diversos países surgiram revistas com a Turma da Mônica.
Fonte de Pesquisa: http://www.turmadamonica.com.br/