quarta-feira, 15 de julho de 2009

BAÚ DE TEXTOS - FÁBULAS

FÁBULAS
A RAPOSA E AS UVAS

Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisas de fazer vir água na boca. Mas tão altos que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho:
- Estão verdes - murmurou. - Uvas verdes, só para cachorros.
E foi - se.
Nisto, deu o vento e uma folha caiu.
A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa, e pôs - se a farejar.
Quem desdenha quer comprar.
( Monteiro Lobato.Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1991. )
O GATO E A BARATA
A baratinha velha subiu pelo pé do copo que, ainda com um pouco de vinho, tinha sido largado a um canto da cozinha, desceu pela parte de dentro e começou a lambiscar o vinho. Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu logo a este. Bêbada, a baratinha caiu dentro do copo. Debateu - se , bebeu mais vinho, ficou mais tonta, debateu - se mais, bebeu mais, tonteou mais e já quase morria quando deparou com o carão do gato doméstico que sorria de sua aflição, do alto do copo.
- Gatinho, meu gatinho - pediu ela - , me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair daqui eu deixo você me engolir inteirinha, como você gosta. Me salva.
- Você deixa eu engolir você? - disse o gato.
- Me saaalva! - implorou a baratinha. - Eu prometo.
- O gato então virou o copo com uma pata, o líquido escorreu e com ele a baratinha que, assim que se viu no chão, saiu correndo para o buraco mais perto, onde caiu na gargalhada.
- Que é isso? - perguntou o gato. - Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse que deixaria eu comer você inteira.
- Ah, ah, ah - riu então a barata, sem poder se conter. - E você é tão imbecil a ponto de acreditar na promessa de uma barata velha e bêbada?
Moral: Às vezes a autodepreciação nos livra do petolão.
( Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas. 8. ed. Rio de Janeiro, Nórdica, 1963.p,15-6.)

COVARDIA
Passaram dois amigos numa floresta, quando apareceu um urso feroz e se lançou sobre eles .
Um deles trepou em uma árvore e escondeu - se, enquanto o outro ficava no caminho . Deixando - se cair no solo, fingiu - se de morto .
O urso aproximou - se e cheirou o homem, mas como este retinha a respiração, julgou - o morto e afastou - se .
Quando a fera estava longe, o outro desceu da árvore e perguntou, a gracejar, ao companheiro :
- Que te disse o urso ao ouvido ?
- Disse - me que aquele que abandona o seu amigo no perigo é um covarde .
(Malba Tahan)
O GATO VAIDOSO
Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pêlo mas desiguais na sorte. Um amimado pela dona, dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a leite e comia no colo. O outro por feliz se dava com as espinhas de peixe do lixo.
Certa vez cruzaram - se no telhado e o bichano de luxo arrepiou - se todo, dizendo:
- Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita - me, pois, e passa de largo...
- Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra - te que somos irmãos, criados no mesmo ninho.
- Sou nobre! Sou mais que tu!
- Em que? Não mias como eu?
- Mio.
- Não tens rabo como eu?
- Tenho.
- Não caças ratos como eu?
- Caço.
- Não comes ratos como eu ?
- Como.
- Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois, a crista desse orgulho idiota e lembra - te que mais nobreza do que eu não tens - o que tens é apenas um bocado de sorte ...
Quantos homens não transformam em nobreza o que não passa de um bocado mais de sorte na vida!
( Monteiro Lobato. Fábulas. 25. ed.São Paulo, Brasiliense, 1972.p.88-9. )
A CEGONHA E O LOBO

Um dia, estava um lobo a comer, quando se lhe atravessou um osso na garganta. Quase a sufocar e muito engasgado, foi pela floresta perguntando a todos os animais se o podiam ajudar. - Dou uma boa recompensa a quem me salvar - anunciava ele. Uma cegonha que pairava lá nos ares e o ouviu, veio de lá de cima e ofereceu-lhe a sua ajuda. - Abra a boca, senhor lobo - disse-lhe a cegonha, e meteu-lhe o comprido bico pela garganta abaixo. - Cá está o osso que tanto o incomodava - disse a cegonha assim que retirou a cabeça da boca do lobo. - Acho agora que tenho direito à minha recompensa, não é verdade? - Recompensa?, disse-lhe o lobo mostrando os seus grandes dentes e já a esquecer a aflição em que se encontrava quando tinha o osso atravessado. - Estás com muita sorte em não te ter cortado a cabeça quando a tinha dentro da minha boca. Queres recompensa maior, pássaro ingrato? E dizendo isto, voltou as costas à cegonha que não teve outro remédio que regressar aos céus.Moral da história: É BOM NÃO CONTAR COM AS PROMESSAS DE QUEM ESTÁ NUMA AFLIÇÃO POIS ELAS PODEM NÃO SER CUMPRIDAS.
( ESOPO )
A CAMPONESA E A BILHA DE LEITE
Uma bela camponesa ia a caminho da feira levando à cabeça uma bilha cheia de leite acabado de ordenhar. E enquanto atravessava as ruas, começou a sonhar. - Depois de vender o leite, fico com dinheiro suficiente para comprar muitos ovos - pensava ela. - Ponho os ovos debaixo duma galinha choca e hei-de ter pelo menos uma dúzia de belos pintos que posso vender no mercado. Quando nascerem, será numa boa altura, precisamente quando a criação estiver mais cara, e assim poderei comprar um vestido novo. - De que cor será o meu vestido? - pensava ela. - Gosto do azul. Fica-me muito bem. Com uma saia muito rodada. Oh, hei-de ficar tão bonita que todos os rapazes da aldeia vão querer casar comigo. - Mas eu não lhes vou ligar nenhuma - disse ela de si para si mesma. - Viro-lhes a cara e sigo em frente como se os não visse. E, juntando o gesto ao pensamento, virou bruscamente a cabeça. Infelizmente, esqueceu-se de que levava a bilha à cabeça. A bilha desiquilibrou-se e caiu com estrondo no chão derramando todo o leite ao quebrar-se. - Ai o meu rico vestido azul! - chorava ela. - Ai os meus pintaínhos! Ai os meus ovos! Ai o meu leite! Mas todos os seus ais foram inúteis. O leite já se sumira no chão. E sem ter nada para vender na feira, a rapariga voltou para casa com uma enorme tristeza.Moral da história: É bom não contar com o ovo no rabo da galinha, ou: Não adianta chorar sobre o leite derramado.
( ESOPO )

2 comentários:

Anônimo disse...

Ahhh...agora consegui deixar um recadinho aqui...ufa!! To gostando...
bjkssssss

Unknown disse...

adorei muito esses contos
muito bons e alem de bons educativos tambem bjussss esperoter mais contos em breve

Uma frase

O verdadeiro mestre ama o que faz. Por Elisabete Souto Barbosa

VÍDEOS INTERESSANTES

Cantinho dos autores - Breve histórico

Maurício de Sousa, O pai da Turma da Mônica

Maurício de Sousa nasceu no Brasil, numa pequena cidade do estado de São Paulo, chamada Santa Isabel. Foi em outubro de 1935.
Seu pai era o poeta e barbeiro Antônio Maurício de Sousa. A mãe, Petronilha Araújo de Sousa, poetisa. Além de Mauricio, o casal teve mais três filhos: Mariza (já falecida), Maura e Márcio.
Em 1959, Maurício criou uma série de tiras em quadrinhos com um cãozinho e seu dono Bidu e Franjinha e ofereceu o material para os redatores da Folha. As historietas foram aceitas, o jornalismo perdeu um repórter policial e ganhou um desenhista.
Nos anos seguintes, ele criaria outras tiras de jornal Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho e páginas tipo tablóide para publicação semanal - Horácio, Raposão, Astronauta - que invadiram dezenas de publicações durante 10 anos.
Daí chegou o tempo das revistas de banca. Foi em 1970, quando Mônica foi lançada já com tiragem de 200 mil exemplares. Foi seguida, dois anos depois, pela revista Cebolinha e nos anos seguintes pelas publicações do Chico Bento, Cascão, Magali, Pelezinho e outras.
Seus trabalhos começaram a ser conhecidos no exterior e em diversos países surgiram revistas com a Turma da Mônica.
Fonte de Pesquisa: http://www.turmadamonica.com.br/